A crise é para os portugueses, como a mosca para a caca. É verdade. Quando um nascituro respira o ar da pátria e ouve a língua de Camões, começa logo a receber os sinais de que a sua vidinha não vai ser fácil. Desde cedo aprendemos a palavra crise. Quando pedimos uma bola aos nossos pais, não pode ser, por causa da... crise. Quando queremos viajar, ter a nossa independência financeira, não pode ser por causa da... crise.
A crise é desde a queda do império uma constante obsessiva. Até estou a imaginar a última nau a entrar no cais das colunas, com os marujos todos aperaltados a gritar: "Tamos fodidos, vem aí a crise!" A crise a voar em forma de poía mega-gigante, manteve-se até este minuto a pairar sobre as nossas cabeças lusas. E nós as moscas, cá em baixo a pensar, quando é que ela cai? Já era tempo de arranjarmos maneira de ela não cheirar tão mal. Ou inventar uma super-arma e estoirar com ela de vez. Até lá vamos dando umas fisgadas com pedra da calçada portuguesa, umas garrafas de vinho do porto, uns biquínis ou uns sapatos de coiro "made in Portugal".
Estamos sempre a espera que passe, há essa esperança, mas ela nunca mais vai embora. Ganda merda!
p.s.: agradeço ao blog Fábrica de Letras, o tema para abrir o ano de 2011.
6 comentários:
Não há meio de secar...pelo menos não cheirava tão mal!
susan: quando vir alguém com um secador na rua já sei o que está a fazer :P*
Caríssimo, chegado via "fábrica", isso deve ser da tendência masoquista lusa. É o nosso fado e a nossa sina. Não consigo imaginar como é que os tugas viveriam se tivessem o nível da Noruega...
catsone: medo, muito medoooo! lol
Porreiro pá!
marta: quem proferiu essa frase está agora em Paris a tirar um curso. O nacional porreirismo é um defeito difícil de extinguir...
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