Vem lavar-me os pés.
Com água morna e sabão.
Que a toalha na tua mão
Secará com a razão.
Estou a tua mercê.
Qual bicho para matar.
Em sítio árido e plano.
Sem abrigo ou dono.
Encontro água para beber.
Das tuas mãos o copo vem.
A sede morta por ti.
E morta vai. A água fica.
Só a água me mata a sede.
E tu matas e feres a sede que tenho.
E é com os pés lavados e sem sede
Que me recordo de ti.
2 comentários:
Estranha forma de saudade essa...
BJS
O acto de lavar os pés pode ser encarado como submissão ou como acto de paixão e carinho. O acto de matar a sede pode ser considerado como acto de piedade e ou bondade.
Não se trata de saudade mas de uma recordação de uma coisa que não aconteceu, pelo menos não aquelas acções, embora o sentimento esse o possa já ter sentido. Acho que ficou como queria.
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