21 fevereiro 2007

Esperança

Era uma noite como todas as noites que já tinha vivido. Passeava-me por entre as árvores com esperança, subindo a encosta elevada. Subi e de lá de cima olhei a cidade que dormia. O frio gelava-me a cara, as mãos, o corpo. E gelava de frio. E sentia o ar frio que entrava pelo meu nariz e chegava aos meus pulmões. Olhei atentamente todos os pontos de luz oferecidos pela cidade. Resolvi descer e entrar nela. Pus os pés no passeio escorregadio, e continuei a andar rua abaixo até encontar um café aberto. Nada normal áquela hora, já de madrugada. Ao balcão pedi um café para acompanhar um cigarro que trazia na mão. O café estava vazio, só o empregado de balcão me fazia companhia. Sentei-me na mesa junto ao vidro que escorria água. A chuva começava a cair com mais força. Acabei o café e pedi, como de costume uma amêndoa amarga para desentupir as vias respiratórias. Doce e amargo ao mesmo tempo, uma dualidade que sempre gostei. O tempo que ali passei não passou. O tempo queimou-se de tanto pensar. E já era de dia, com o sol a nascer quando me apercebi das horas. Saí do café sempre com o corpo a dizer que era melhor parar , encontar um sítio para repousar. E com esse desejo físico na mente, entrei numa livraria. Sempre os mesmos assuntos, sempre as mesmas estantes.
E de repente encontrei o que por mero acaso, me tinha levado ali. Um livro pequenino. Agarrei nele, olhei para o preço e disse que sim. Era aquele. O título não importa agora. O que importa reter é que a esperança, mesmo não sabendo por que se sente, ela por vezes recompensa o seu portador.
Sentir que o minuto seguinte pode ser o momento mais maravilhoso da nossa vida é um sentimento irresistível.

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