02 março 2011

Pannjo, the Bartender - #2

Os copos são os mesmos, as luzes, as cadeiras. A bebedeira começa. Todos os que entram no bar entram para beber e para arranjar uma melhor companhia do que tinham quando entraram. Nem que seja a deles mesmos, já bêbedos. E porquê, pergunto eu, não consigo ser como eles? Não sei. E como sou diferente dou por mim a tentar não pensar neles. Tenho aquela mania de matar. Hoje matei uma pessoa. Vou começar pelo principio. O bar estava cheio de gente. Deviam ser umas dez para as três da manhã. Tinha ido fumar um cigarro nas traseiras do bar. Para um carro perto de mim. O vidro abre-se. Um homem. A testa dele tinha um X marcado. Eu já nem tento perceber. Há bastante tempo que deixei de o fazer. Ele pediu-me um cigarro e lume. A noite estava escura. Sem as luzes da cidade lá ao longe. Sem lua cheia para a iluminar. Um murro bem assente. Desmaiou. conduzi o carro até a beira do rio. Vinte quilómetros. E agora? Uma dúvida que sempre tenho quando vou matar alguém. Como o fazer. O tipo ainda estava desmaiado. E eu com pouco tempo. E sem como voltar ao bar. Mas isso nem me passou pela cabeça. Ok, vou incendiar o carro. Fácil. Dei-lhe o cigarro e lume. Explodiu. Ver um carro explodir e todo aquele fogo foi uma nova experiência. Não costumo usar métodos "normais" para matar pessoas. Um dia conto. Regressar. Apanhei boleia de um camionista que vinha de este. Estava feito. menos um X. A noite continuou, como sempre. As mesmas putas, os chulos, as virgens e os cornos. As mesmas bebidas. A mesma conversa de sempre. Mas a minha mente estava na beira do rio. No carro em chamas numa noite fria e escura.
Costumo ficar com uma recordação de cada pessoa que mato. Gosto de me lembrar fisicamente deles. Uma ironia. Deste último fiquei com um CD que tinha no carro. A música era a mesma de quando o vidro se abriu, e o vi. "Always on my Mind" do Elvis. E agora que estou em casa, com uma cerveja na mão, ouço essa música. O escuro acalma-me. Esta música também. No total já matei 324 pessoas. Espero um dia encontrar a razão. De manhã tenho que me ir confessar. Sim sou um homem de fé. Acredito em Deus. E no entanto cometo o mais vil pecado mortal. Quem sou eu? Pannjo. Raakesh Pannjo.

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