08 janeiro 2011

As Aventuras de Sir Monarch - #10

O avião levanta voo, com o barulho ensurdecedor dos motores a queimar o ar que se respirava dentro dele. Pelas janelas vêem-se os campos de Le Havre, e as nuvens cinza.
Sir Monarch, aproveita para saber mais sobre a sua passageira clandestina...
- Felicia... penso que posso trata-la assim, não?
- Claro que sim, Sir. Todas as pessoas me tratam assim.
- Fez bem em vir. Mesmo não se anunciando antecipadamente.
- Uma virtude Sir, uma virtude. Diz Felicia, rindo para o seu interlocutor.
- O que espera encontrar em Praga?
- O mesmo que o senhor, Sir Monarch.
- Está a pensar na menina Claire, suponho?...
- Sim, é claro que é nela que estou a pensar... Felicia desvia o olhar para uma janela.
- Diga-me, quem é você? O que a levou a seguir uma profissão tão arriscada como a sua?
- Eu...? Comecemos pelo inicio. Nasci em Buenos Aires. O meu pai é um cozinheiro argentino na reforma. A minha mãe nunca conheci. O meu pai não fala muito dela... Depois dos estudos em Buenos Aires, segui a carreira diplomática. Fui recrutada pela sua amiga americana, quando estagiava na embaixada Argentina em Washington. Simples.
- De facto. E não pensa em sair deste meio e procurar uma vida normal como todas as outras pessoas? Não deve ser fácil para si...
- Não quero nada mais do que tenho, Sir. O destino ainda não me disse que preciso de mais...
- Acredita no destino Felicia? Eu não acredito. Desculpe...
- Acredito sim. Tenho fé em Deus e acredito que o nosso destino está escrito algures.
- Felicia quando encontrar quem escreve o seu destino diga-me...
- Será demasiado tarde não acha?
- Depende de quem seja. O inferno não se compadece com virtudes mais ou menos moralistas...
- Hum... Se encontrar o Diabo... não tinha pensado nessa hipótese.
- Então pense. Eu com certeza que o irei encontrar. A minha vida pode ser tudo, menos moralmente aceitável para os bons costumes de um crente em Deus. Terei um lugar no inferno...
- Bom Sir... cada um vai para onde escolhe ir... não acha?
- Não Felicia. Há coisas que não se escolhem. É assim a vida.
- Parece que o entendo. Mas falta-me perceber... porque não pode escolher?
- Felicia... A resposta é simples... porque não quero.
- Parece-me Sir, que está certo... terá um lugar bem quentinho lá em baixo...

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