31 outubro 2010

Mais um dia...

Ilusão. Indecisão. Desejo.

A realidade de mim. A tua realidade. Hoje deste-me um beijo. Inesperado. Quero mais. Inclinei-me na mesa e roubei-lhe outro. Quero mais...

Dá-me assim. Desprendido.
Desamarra-me. Desamarraste-me
O nó. Um deles. De marinheiro.
Pelas tuas ondas de mulher.

A minha pele segura a tua.
Prendido entre a tua boca
E a minha mente.
A tua mente onde está?

Sou um ladrão que tem
Perdão. Que agarra o
Teu ser com o ar, o vento.
E sou. Como tu és.

Suave como nada.
Terna como água.
Tu como sabes. Sei.
Tudo como sabemos.

Resposta em tempo útil:

"Ali estava eu sentada na mesa
Tu a minha frente
Com tudo para dizermos
Com tudo para sentirmos
Mas não passavam de lamentos das nossas
Vidas
Isso.... lamentos
Nada mais que isso
Sabemos. A procura de tudo e nada
Mas a vida é isso mesmo, um mundo
Cheio de tudo e nada.
No meio da conversa um beijo....
Algo que não estavamos a espera
Nada suave.... um beijo apenas cheio
De urgência
Urgência de encontrar o nosso outro eu.
Da noite ficou....
Bem da noite ficou o beijo e conversas
de sexo."

28 outubro 2010

Como me sinto...

Poderia colocar aqui uma imagem. De entre muitas não consigo pensar em nenhuma. Não seria certamente uma imagem alegre, ou se quiserem feliz. Podia escrever um poema. Ou prosa. Sobre a saudade, a ternura, o carinho ou simplesmente a amizade. Que me sinto completamente a chafurdar na merda.
Não me perguntem como me sinto. Se estou bem. Não me paternalizem. Não me façam rir de cada vez que pronunciam o meu nome. Apenas façam o que lhes apetecer para me sentir melhor. Eu não o estou a conseguir. E não. Não é drama. Não é auto-comiseração. É ter consciência do que sou.
My Butterfly... como tu me entendes. Tu mesma o disseste. Conheces-me. Tiveste o trabalho de me querer conhecer. De ver mais para além do involcro que sou para o exterior. Tiraste-me as mascaras. Depois da última chamada senti-te perto demais. E senti que ainda te amo. E sabe tão bem saber que és a mesma para mim. Simples tu.
Preocupo-me demasiado com os outros, é o que ouço de quem me quer bem. Dizem que tenho que ser egoista, pensar mais em mim. Mas não consigo. Deve ser um mal de que padecerei até morrer. Penso mais nos outros do que em mim próprio. Não tenho em mim sentimentos de maldade pura e simples. Sinto outros. Não tenho medo do que sinto. Nunca tive medo de sentir e de os encarar dentro de mim. De dizer se tiverem e puderem ser ditos. De enfrentar a filha da puta da realidade quando tem que ser.
De rir e de chorar.
Já me chamaram muita coisa. Vou omitir os nomes feios... vontade de rir.
Poeta, filosofo, escritor, estranho, lindo, anti-social, normal, fantástico, amigo. Tenho orgulho em todos eles. Foram ditos com sinceridade. Por quem me conhece. No primeiro minuto, ou anos mais tarde.
Este post não tem um fim, não tem um sentido especifico. É como me sinto...

25 outubro 2010

Palco 2

Luzes acesas. De pé. Eu e ela. A culpa é tua, disse ela. A culpa é toda tua! Tu és o culpado! Foste tu que o matas-te! Subi as escadas do palco. Fugi. Continuou a acusação. Voltei costas, fui para a boca de cena. Calado, pensava no que dizer. Não fujas. Colada a mim, fisicamente, a acusação. Agarrava-me a mim mesmo, ao abdómen. Cabeça baixa. Voltei-me rapidamente e enfrentei-a. Minha? Avancei, dois três passos. Não é o que dizem os teus olhos. Os teus olhos dizem palavras opostas as que saem da tua boca! Eu? Foste tu que matas-te o nosso amor! Não eu! Frente a frente, em pé, de perfil para as cadeiras. Gritos. Os seus olhos diante dos meus.
- Pára! A voz de quem sabe faz-se ouvir. - Está muito... overacting.

Palco 1

Luzes apagadas. Levantei-me da cadeira e no escuro procurei. Onde estás? Perguntei. De pé, ando devagar. Onde estão vocês? As minhas mãos nas extremidades dos meus braços, longe não alcançavam. Só nada, o ar. O vazio. Onde estou? E a consciência de estar dentro de mim começava a apoderar-se da realidade, do meu corpo. O espaço escuro era eu. E a voz, a boca, a cabeça, as pernas, os braços, eram a minha essência. Escutava-me. Irrompeste em choro. Primeiro um soluçar. Depois continuamente, e com uma cadência rápida compulsivamente. A solidão. A procura dos outros. E a falta que sentiste deles. E o choro parou quando te deitaste no chão. Quando não podias encontrar. Quando não tinhas forças. Quando soubeste.