10 setembro 2010

Custa-me respirar

Custa-me respirar.
Nem pensar me custa porque não penso. Não quero.
Doí quando penso...
E quero.

O jantar foi um prato vazio.
Imaculado. Branco.
Respiro lentamente.
Sem nada que me prenda aqui.

Sem cordas ou algemas.
Prende o coração alguma coisa.
Intangível. Imaterial.
Não palpável.

E respiro lentamente.
Tão lentamente que o que sinto
É anestesiado pelo bater lento.
O desaparecimento.

Morde-me. Arranca-me a carne.
Rasga-me a pele. Faz-me existir.
De paixão gritar e fugir e chorar.
Mata-me para viver.

Educa o meu corpo. A minha mente.
Faz um beijo parar o meu coração.
Faz um abraço soltar o meu choro.
Um olhar parar o tempo.

Um copo de água translúcida.
Foi o que bebi. Alguns Dunhill.
Janela aberta. As letras aqui.
E o grito que me fazes não gritar, grito.

E o medo. O infinito e infame medo que me invade.
Nojo de mim. Repulsa-me eu. Nada eu sou.
Sou nada. E nada é uma matéria escura. Invisível.
Ali onde se escondem as almas.

2 comentários:

Si disse...

Hoje custa-me respirar, por isso, fiz esta pesquisa no Google:
"Custa-me respirar"
Palavras tão certas, as deste poema.
Perdi-me em tantas outras...
Que bela pesquisa eu fui fazer!

oguardador disse...

Si
Obrigado pelas tuas palavras