26 abril 2009

Inflexão

Ao ler um poema e depois de o ter lido a minha maneira, fiquei a saber que não o devia ler à minha maneira. De facto ler poemas tem muito que se lhe diga. Fiquei a saber que não devemos ler como se fossemos nós a ler, a ter escrito. Devemos sim, ler como está escrito. Aprendi que devemos respirar, inspirar antes de começar uma frase, e começar a ler quando expiramos. Nada fácil a parte da respiração. Vai levar algum tempo até conseguir dominar a parte da respiração, mas acho que consigo.
As inflexões também não são fáceis. Treino, muito treino requerem as inflexões. Temos que imaginar as palavras como cores, ondulantes no ar que respiramos.
(...) olhou-me nos olhos e disse qualquer coisa. Olhei directamente para ela. Não percebi nada do que me disse. Percebi que estava cada vez mais perto dela. E o rosto dela que me atrai, estava ali perto do meu. Olhava-me diretamente. Senti um outro ser que me falava, um tempo que tinha principio e fim. A frase acabou e recomeçou no ponto que tinha acabado. Encostou-se à cadeira, olhar em frente. E com a mão esquerda, no seu cabelo esticado, brincava com os caracóis. O meu campo de visão era interrompido pelo seu gesto...

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