24 março 2008

As Aventuras de Sir Monarch - #2

Miss Templeton senta-se com a ajuda do criado.
- Por favor traga-me um Dry Safari.
Sir Monarch olha para a sua pele sedosa e alva. Cabelo loiro platinado, lábios finos com batôn vermelho. As alças do vestido preto realçavam os seus delicados ombros.
- Espero que tenha feito boa viagem...
- Sim. Estou um pouco cansada, nada que uma boa noite de sono não cure.
- Eu sei que a viagem de Nova York até Londres é penosa. Mas vamos ao que interessa Miss Templeton. Traz novidades?
- Sim. O que temia é verdade. Lamento.
Sir Monarch, descruza as pernas e senta-se direito na cadeira. Olha-a nos olhos e segura na sua mão.
- Sabe, Miss Templeton... já esperava por essa resposta. Não queria acreditar, mas já suspeitava.
Como está o Sr. Brown? Espero que tenha gostado do vinho que lhe levou... um Porto exelente!
- Acredite ou não está a guarda-lo para o natal!
A missão de Miss Templeton terminou. A noite foi passada na mesma mesa até o clube fechar. Os criados já arrumavam as cadeiras e as mesas, fechavam a caixa quando Sir Monarch deu pelas horas.
- Miss Templeton está na hora. Vou mandar o meu motorista leva-la ao hotel. E não se preocupe que amanhã irá leva-la ao aeroporto.
- Muito obrigada, Sir.
- De nada. Estarei sempre ao seu dispôr, se vier a Londres contacte-me.
Miss Templeton acenou que sim e levantou-se. Sir Monarch instruiu o seu motorista para a levar directamente para o hotel e regressar a casa.
- Ah! Miss... verá que no porta luvas tem uma surpresa... o costume. E com um gesto o indicador bateu continência. Miss Temleton sorriu...
O criado trouxe os pertences de Sir monarch que saiu pela porta da cozinha, não fosse estar a ser vigiado. E sem motorista, nunca fiando.
A noite estava fria. Fria demais para um italiano.

23 março 2008

As Aventuras de Sir Monarch - #1

O carro parou em frente ao prédio. O motorista abriu a porta de trás e Sir Monarch saiu. Tinha começado a chover e o ar estava cinzento. Pouca luz na rua, embora ali, dois candeeiros iluminassem a porta.
Subiu dois degraus e tocou a campainha. Abre-se o postigo e a porta quase imediatamente. Um criado recebe o seu sobretudo, as luvas, o chapéu e a bengala. Nada disserem um ao outro.
Sir Monarch para em frente ao elevador. Piso 23. Pede para que o levem. Fato preto com sapatos italianos, camisa branca, com uma gravata preta.
Piso 23. Sir Monarch está no clube. O chão é revestido por quadrados pretos e brancos. O mármore dá um ar limpo ao sítio. Candeeiros nas mesas, e um imenso lustre dão luz á sala.
A música do piano cruza-se com o fumo dos charutos e do tabaco.
Senta-se. Pede um café. Tira o seu cachimbo, acende-o, e começa lentamente a dar algumas baforadas para o acender. Uma prenda que um amigo lhe oferecera em Florença.
Olha para a sala, roda a cabeça devagar para ver quem está. Acena e anui em cumprimentos.
Ela está atrasada. Não era seu costume atrasar-se. Tira o relógio de madre pérola do seu bolso e abre-o. 21:30. Pede um malte. Descruza as pernas e volta a cruza-las. Olha para o pianista enquanto bate com o cachimbo na mesa, seguindo o ritmo.
Sente que ela chegou. Alguns olhares e sussurros na sala anunciaram a sua presença.
- Boa noite...
- Boa noite Miss Templeton.

22 março 2008

Há uma coisa que tenho...

Há uma coisa que tenho e que só vou perder com a morte. O sangue.
O combustível que acciona as válvulas do meu coração.
O líquido que põe o meu corpo em funcionamento. A funcionar.
Se não for derramado irá secar, como as folhas secam nas árvores.
Esse espesso líquido vermelho que me dá vida. Da côr das rosas.
Flores tão belas como nunca vi outras assim. E cheiram bem...
Já recebi rosas. Não me lembro da côr, deviam ser brancas ou amarelas.

18 março 2008

Foi de repente

Há coisas que se sentem.
Há amores que se dizem.
Há amores em segredo.
Há segredos de amor.
Há amores que doem.
Há amores que acabam.
Há dores que destroem.
Há dores que acalmam.

Foi de repente que me deu a vontade de gostar de ti. Foi de repente que me perdi... e surpreso com o que me acontecera, como também para ti. A distância que temos, essa é inerente. Foste e és o que tens que ser. O carinho mantem-se, como sabes.

16 março 2008

Pintado de fresco

Hoje falei com quem não falava já a muito tempo. De todos os sentimentos que tive, depois de pensar, retirei algumas conclusões.
Não se pode apagar o passado. Sou ingénuo. Já não fazes parte da minha vida.
Temos as nossas razões para que não nos falemos mais. A vida é aquilo que fazemos dela. E a minha fui eu que a fiz. Com muitos erros...
Deixei de te amar com o tempo.

09 março 2008

More time to do less

More time to do less.
I have less time to do more.
Red dragons, white fairies,
Stare at me as i walk the walk.

I feel at ease walking trough
Those streets at night.
Not even the cold wind
Can break my thoughts.

Simply and elaborated
Ones, as i walk the walk.
Passing by some other souls,
Choosing the ones, I am fond of.

Wondering if some of them have
Seen mine, discreetly, my eyes
Start to follow other people eyes.
My mouth is still closed.

03 março 2008

A surpresa

Peguei no que tinha sobrado do meu chocolate e dei-lhe. Ficou atónita. Agora surpreendeste-me, disse ela. E como foi bom ouvir aquela frase. Uma frase que sabe sempre bem ouvir, tanto mais quando a intenção era para além de surpreender, de mimar. Deu resultado. Os amigos mimam-se.

02 março 2008

Cometo erros. Sou humano.

Cometo erros. Sou humano. Tento não os cometer, mas ás vezes lá sai um da cartola. E a sensação de cometer um erro, posso dizer, não é muito agradável. Qualquer que ele seja, de que espécie seja, o erro é sempre um erro. Qualquer coisa que vai contra o que desejavas que fosse.
E afasto-me. Não o devia fazer, devia encarar o erro. Assumir. Esta é a parte mais difícil. Vergonha. As vezes os erros pintam-nos a cara de vergonha.
Tento lidar com a situação o melhor que sei. Sou um parvo e estúpido, quando isso acontece.
Alguém tem que dar o primeiro passo para se falar sobre o erro. Ele está dado. Já assumi a minha culpa. Agora é andar em frente, porque a amizade é única. E Amigos tenho poucos.