12 abril 2007

Beijos e abraços...

Apanhei o comboio e lá fui eu, linha abaixo até Lagos. Nunca tinha feito aquela viagem até ao Algarve de comboio. Fui até uma estação da qual não me lembro do nome, e fiz o transbordo para um combio regional. É um daqueles que tem os compartimentos com portas de correr e cortinas no interior. Sol na viagem, muito sol, a deixar antever um fim de semana pleno de emoção.
Cheguei a Lagos e não conhecia nada. Mas pelas indicações que ela me tinha dado, a marina era logo ali a dois passos. E assim aconteceu. Fui até um bar com esplanada e pedi qualquer coisa para beber, já não sei o que, deve ter sido martini ou amêndoa amarga. Um cigarro, dois cigarros, três cigarros... um telefonema e... - Estou aí daqui a um quarto de hora.
A espera era grande, a ansiedade apoderava-se de mim. E ao fundo reparei nela, que em passo curto e lento vinha com os seus ténis, calças aos quadrados castanhos e cinzentos, um pullover, devia ser cor de laranja para variar, os óculos que lhe cobriam a cara por completo... e os seus cabelos longos e lisos pelo meio das costas... cheia de pinta!
Beijos na face... Aquele sorriso, e a descontração de sempre. Notei que não estava completamente a vontade, talvez também por eu não estar.
Um táxi levou-nos até ao apartamento que nos esperava. A tia tinha-lhe dado a chave... Simples apartamento de férias, mas muito aconchegante. Atendeu um telefonema... Sempre a mesma coisa diz ela.
Música... Massive Atack e Ornatos Violeta. Sofá... Beijos e abraços... e muitos sorrisos.
A cama foi estreada. Depois do banho, saímos e fomos comer choquinhos fritos... ui! Tava com uma fome... pensava que ia cair para o lado. Fomos a um bar muito frequentado, com um ambiente cool, e muito terra a terra, com mesas de madeira, luz baixa e música alta. Passeamos por Lagos, e de regresso a casa levou-me a ver a vila do alto do prédio, no terraço. Uma vista linda que ela quis oferecer.
No outro dia após termos ido ao supermercado comprar o jantar, fomos a uma praia, ainda estou para saber o nome... onde num restaurante mesmo na praia, comemos mexilhões e bebemos imperiais, quanto baste. O seu sorriso maroto e a sua boa disposição, não me deixavam lembrar, o que estava a sentir. Sabia no entanto, que não a poderia ter para mim, no verdadeiro sentido da palavra. E isso penso que seria o que ela não me queria dizer. Mas lá no fundo sabia que ela não gostava tanto de mim como eu gostava dela. As regras tinham sido aceites por ambos.
Disfrutei cada momento, tentando fazer com que ela encontrasse uma resposta para o que ela queria. E aquele fim de semana, para além de um encontro de mim e dela, serviu para alguma coisa, para sabermos quem eramos nós ali. Após termos terminado a nossa relação, nunca mais falei com ela. Não me arrependo do tempo que passamos juntos.
P.S.: No metro dos Anjos pareceu-me vê-la. Chapéu preto, cabelo preto comprido, casaco castanho escuro pelo meio das pernas, meias pretas e sapatos pretos de senhorinha. Talvez uma memória, nada mais.

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