13 fevereiro 2007

Quando era míudo

Quando era míudo, gostava muito de brincar com os outros míudos da minha rua. Naquela época, na minha rua eramos muitos... também haviam raparigas, as primeiras a serem objecto do desejo infantil.
Nas traseiras do meu prédio, com o espaço de terra largo, aproveitavamos qualquer tempo existente para brincar. No verdadeiro sentido da palavra. Lembro-me de brincar com os carrinhos nas pistas de areia, de jogar ao espeta em círculos desenhados por nós e cujo objectivo era a conquista do maior espaço possível de terreno. Jogava muito a bola, ás balizas pequenas e também com balizas maiores, sempre feitas de montinhos de pedras. Em terreno mais duro jogava ao pião e até cheguei a jogar hóquei sem patins com um stick feito à mão. Adorava fazer corridas de caricas. E para ter a melhor carica era preciso ter arte e engenho. Tinhamos que arranjar uma carica muito direitinha e depois na parte de cima punhamos uma rolha de plástico das garrafas de vinho, para ficar mais pesada e não sair do passeio. Se saísse do passeio voltavamos atrás e era outro jogador a empurrar a sua carica o mais depressa e engenhosamente que pudesse para passar a frente dos perseguidos. Adorava jogar com os bilas, os berlindes de várias cores e feitios, transparentes com espirais coloridas que mais pareciam universos nunca antes vistos. Ainda devo ter alguns arrumados nalguma caixa. E os canudos... verdadeiras obras de arte feitas pela nossa mão, com tubos de electricidade e fita cola de várias cores que tinham como munição os pequenos e afiados cartuchos feitos de papel das listas telefonicas, ou melhor ainda de papel das revistas, mais duro e resistente. O pião era também lançado para o chão. E eu era um ás com o pião. Adorava o meu pião. Depois de vir da escola, almoçava e lá estavamos nós os putos da rua a decidir o que iriamos fazer, a definir estratégias e planos sobre a melhor maneira de sermos felizes.
E fomos. Muito... Nunca vos esquecerei.

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